Continuação da exploração da Gruta do Meio

Nos dias 22 e 23 de Setembro a equipa do CEAE voltou à gruta recem descoberta tendo sido descobertas novas galerias e iniciado os trabalhos de topografia.

5º Dia de exploração

Após a descoberta de uma nova gruta no Cabo Espichel, localizado no carso da Arrábida, os espeleólogos do LPN-CEAE tem prosseguido com a exploração. O fim-de-semana foi exaustivo, mas com óptimos resultados. No sábado, 22, deu-se a descoberta de novas galerias, constituíram-se várias equipas para a exploração de possíveis continuações. Deu-se início ao trabalho de topografia.
Descoberta no terceiro dia de exploração, a sala do rappel é onde se encontra a primeira vertical da gruta. Entre as continuações possíveis, a equipa desceu por uma fissura entre estratos, alcançou-se um novo sifão marinho, o terceiro até à data. Por passagens estreitas, entre abatimentos e depósitos, encontrou-se uma segunda comunicação entre as restantes galerias e a sala do retorno, acima situada.
Outra das equipas concentrou esforços na sala grande. Escalou-se a chaminé do tecto da sala, com cerca de 12 metros. Depois da equipagem seguiram-se as descobertas: uma rampa guiou os espeleólogos até uma galeria situada entre dois estratos, redonda e de pequenas dimensões. Do topo desta rampa com inclinação de cerca de 60 graus e com comprimento estimado de 50 metros, surge uma passagem extremamente estreita entre blocos cobertos de calcite. O escuro das sombras fez adivinhar uma nova sala, descoberta sem material de desobstrução por um dos elementos, que superou o estreitamento vertical. A riqueza de concreções e a qualidade da rocha contrastam com as anteriores galerias, mais perto do nível do mar.

6º Dia de Exploração

A proximidade com a superfície é uma suspeita, devido à subida acentuada. A sala encontra-se certamente acima da entrada, localizada na escarpa, 30 metros acima do mar. Com equipamento de desobstrução, voltou-se no dia seguinte, à sala concrecionada. Esforços reunidos, dois escopros e uma maceta foram as armas na luta contra calcite e rocha extremamente duras. A cada martelada, o propagar das vibrações pelas paredes. Da equipa de quatro elementos, apenas dois conseguiram passar. Subiram à sala e escalaram a continuação em altura, localizada na véspera. O espaço terminava em tecto, mas revelou uma pequena galeria rectilínea e horizontal, com cerca de 10 metros de comprimento.
A beleza da galeria exige grande cuidado na progressão. Apenas um dos espeleólogos alcançou outra nova sala, de dimensões aproximadas à anterior. Identificaram-se raízes, confirmando-se a suspeita de proximidade à superfície do dia anterior. Na parede sul da sala, um manto calcítico de beleza admirável. Talvez num próximo dia de exploração, a escalada ao topo da sala revele a ligação com o exterior.
Caso não se encontre na sala uma abertura natural, a equipa equacionará seriamente a sua desobstrução. Poderá criar-se uma entrada provavelmente mais fácil para o sistema, mas também a exposição da parte mais sensível da cavidade, com consequente impacto no património. No final do dia, melhorou-se parte do equipamento instalado na cavidade. A equipa saiu já de madrugada, pelas 24h.  

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