Remonta a 2010 a nossa verificação periódica dos níveis da água no interior da cavidade e da sua eventual drenagem para o exterior.
Numa visita a 29/11/2014 tivemos a sorte de poder observar, às 10 h da manhã, que o nível da água na entrada da cavidade se encontrava a poucos centímetros de iniciar a escorrência (a cota do início do vazamento por escorrência é de 190 m). Após um bom tempo de espera e como não se detetasse variação do nível abandonamos o local para ir efetuar outros trabalhos. Por volta das 16 h voltamos de novo e já havia uma bela cascata a correr pelos ressaltos.
Figura Nº 4.21 - Nível às 10 h do dia 29/11/2014 (190,50m) e escorrência às 16 h desse dia. (Fotos: Pedro Pinto)
Na visita seguinte a 08/12/2014 constatou-se que a drenagem tinha parado e que o nível da água já tinha recuado no interior da cavidade até próximo do primeiro ressalto (cota 188 m).
Na verificação do nível da água efetuada em 28 /12/2014 constatou-se que esta tinha baixado até ao nível da entrada para a galeria da esquerda. Neste local observou-se a escorrencia de um pequeno fio de água para essa galeria descendente (ligação a 177 m) e com origem no interior da gruta.
Em 10/01/2014 o nível da água tinha baixado cerca de um metro em relação ao nível observado em 28/12/2014.
Um facto importante a referir diz respeito à insignificante (praticamente nula) precipitação desde o início de Dezembro de 2014 e até às primeiras semanas de Janeiro de 2015.
Figura Nº 4.22 - Perfil parcial do levantamento topogáfico da cavidade. (Topografia CEAE-LPN).
Em todas as observações a água apresentava uma limpidez perfeita o que indicia, nesta situação, uma elevação de nível feita por fluxo lento, sem argilas depositadas ao longo das condutas e, provávelmente, com um trajeto (ocos a preencher) longo ou com partes de fraca permeabilidade por acumulação de areias (tempo de espera para verificar elevação do nível a 29/11).
Na sequência de um extenso período (até Maio de 2015) em que ocorreu fraca pluviosidade e depois de se detetar que a variação do nível da água no troço sifonado da galeria era práticamente nulo optamos pela realização de uma bombagem a fim de determinar o comportamento da circulação hídrica neste local. Uma estimativa volumétrica do oco submerso conhecido aproximava-se dos 9m3.
Figura Nº 4.23 - Perfil parcial do levantamento topogáfico da cavidade representando a
antiga parte terminal da cavidade. (Topografia CEAE-LPN).
A bombagem realizada a 23 de Maio de 2015 permitiu abrir a passagem para as zonas interiores mais elevadas mas, também, verificar que a -15 metros, local mais profundo da galeria sifonada, não foi observado qualquer fluxo proveniente das descontinuidades existentes na zona. O volume da água bombeado foi estimado em 6m3. Após a completa drenagem do espaço só foi observado um gotejar continuo proveniente da zona ascendente desobstruida (passagem da Lengalenga) bem como de um recanto na zona mais elevada a oeste. Na manhã seguinte, aquando da passagem no local para a continuação da exploração na parte mais interior da gruta, o nível de água no chão tinha somente subido alguns centimetros. Após os trabalhos do dia e na passagem para a saída não foi observada variação posterior apreciável do nível da água no chão.
Em 9 de Janeiro de 2016 verificou-se que a passagem para o interior da gruta estava sifonada correspondendo o volume da água a cerca de 9 m3. Em visita, no dia seguinte não foi detetada qualquer movimentação aparente do nível.
Figura nº 4.24 - Perfil parcial do levantamento topogáfico da cavidade representando sua antiga parte terminal
com a representação do nível de água observado no início de Janeiro de 2016. (Topografia CEAE-LPN).
Esta observação requer uma análise mais pormenorizada e cuidadosa pois poderá corresponder a uma particularidade singular bastante difícil de comprovar. Referimo-nos à suposição de que constitui um local de acumulação de escorrências maioritariamente provenientes da superfície. Este volume substancial resultaria de organização e condução para esta zona mais profunda das águas infiltradas ao longo da grande extensão das descontinuidades paralelas observadas à superfície (situação mais evoluída e organizada do que a descrita em 4.2).
No dia 20 de Fevereiro de 2016 registou-se uma dos maiores débitos dos últimos anos na Exsurgência do Buraco Roto. As imagens que se seguem são bastante ilustrativas.
Figura nº 4.25 - Um caudal notável na saída do Buraco Roto. (Foto: André Reis)
Aparentemente parece não haver qualquer relação, no interior da escarpa do Reguengo, entre a conduta que drena pela exsurgência do Buraco Roto e a que drena pela nascente da Loureira. Pela foto que se segue podem ser apreciados os dois débitos e a diferença na limpidez da água.
Figura nº 4.26 - Caudal na nascente da Loureira (exsurgência). (Foto: André Reis)
Na nascente da Loureira a água é mais límpida e o débito substancialmente menor. Com cota a nível bastante inferior (180m) mas muito próxima do Buraco Roto não podemos excluir uma eventual ligação entre as duas condutas embora em zona bastante interior. Para se verificar perda de carga hidráulica é necessário haver alguma distância e um eventual preenchimento quase total, por areias, da conduta inferior ou mesmo total em amplas zonas. Só nos é possível verificar o resultado final da aplicação da lei de Darcy.
Outro aspeto importante a registar na drenagem de Fevereiro de 2016 é a altura a que o nível da água subiu. A comparação feita por fotografia em seca e depois em cheia a 14-02-2016 (ponto de referência tijolo vermelho) revela uma subida do nível de transvase na saída de cerca de 30cm.
Figura nº 4.27 - Documentação fotográfica da diferença de nível verificada em Fevereiro de 2016. (Fotos: André Reis)
A importancia deste pequeno aumento de nível não é irrelevante, como iremos constatar pela monitorização com boias realizada entre 2015 e 1016.
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On-line
Sistema Nacional de Recursos Hídricos (SNRH).
Câmara Municipal da Batalha